Maio Roxo: casos de Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) crescem no Brasil

Especialista da Rede Mater Dei destaca a importância de manter hábitos saudáveis, incluindo evitar alimentos ultraprocessados, para prevenir o desenvolvimento e agravamento dessas condições sem cura
Casos de Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), termo usado para descrever as afecções que envolvem a inflamação crônica do aparelho digestivo, têm crescido no Brasil. Um estudo publicado na revista científica The Lancet em 2022 apontou um aumento principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país. A nível nacional, o número de pacientes subiu de 30 por 100 mil habitantes em 2012 para 100 diagnosticados a cada 100 mil habitantes em 2020, o que representa um aumento médio anual de 14,87%. Adolescentes e adultos jovens são as populações mais afetadas.
No mundo, mais de cinco milhões de pessoas possuem DIIs, segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Para promover a conscientização sobre essas doenças, todos os anos a campanha Maio Roxo é promovida para informar a sociedade sobre o que são essas condições, como se realiza o diagnóstico e quais são os tratamentos disponíveis. Entre as DIIs mais conhecidas estão a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, ambas condições não transmissíveis e que não têm cura, mas que têm tratamento.
Ainda não se sabe quais são as causas exatas das DIIs, embora reconheça-se que são multifatoriais e envolvem questões genéticas, ambientais, imunológicas e de saúde mental. Evidências crescentes também associam as doenças intestinais ao consumo de alimentos ultraprocessados, cada vez mais presentes no cotidiano da sociedade moderna. Um estudo europeu publicado na revista Nature Reviews indica a relação entre esse tipo de alimento e o desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais, apontando que alguns emulsificantes, adoçantes, corantes, micro e nanopartículas causam impactos no microbioma, na permeabilidade e nas inflamações do intestino.
“Hábitos saudáveis são a chave para a prevenção de problemas intestinais, e também fazem a diferença ao serem mantidos pelos pacientes durante o tratamento das doenças inflamatórias. Ter uma boa alimentação, mais natural, evitando ultraprocessados, bebidas alcoólicas e cigarro, além de fazer atividades físicas, são essenciais”, afirma Dr. Rodrigo Roda, coordenador do Setor de Endoscopia do Mater Dei Santo Agostinho e Mater Dei Betim-Contagem. “Também é recomendado realizar exames que possam identificar eventuais anomalias no trato digestivo de acordo com orientação médica, nos prazos orientados pelo profissional, para avaliação da atividade inflamatória e prevenção do aparecimento do câncer de intestino”.

O diagnóstico das DIIs consiste na avaliação clínica, associada a exames endoscópicos, como a colonoscopia, e resultados de biópsias realizadas para a confirmação da doença. O tratamento tem caráter medicamentoso, visando a redução da inflamação e melhora da resposta imunológica, mas cirurgias de retirada das partes doentes do intestino também são uma opção, mediante a avaliação do especialista sobre cada caso e a discussão do procedimento com o paciente.
“É crucial agirmos rapidamente e promovermos o diagnóstico e tratamento corretos e oportunos dessas enfermidades, a fim de evitar seu agravamento e o surgimento de possíveis de tumores, como o de intestino e de colo retal, cujos riscos de desenvolvimento são aumentados por conta das doenças inflamatórias intestinais”, afirma o médico.
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